Morar fora é um salto no escuro. Mesmo que você tenha planejado tudo cuidadosamente, mesmo que tenha previsto muitas situações, é um passo incerto.
Na bagagem de alguns vai o medo conversando com a esperança, na de outros a alegria brigando com a dúvida. Outros ainda levam a tristeza sendo consolada pela determinação. São bagagens rumorosas e inquietas. Em todos os casos, existe aquele fio invisível que liga o velho ao novo. São as lembranças, boas ou más, são os que ficaram, é outro você que lá fica. O novo você esta para chegar ao novo lugar e é esse novo você que um dia voltara lá.
Muitas pessoas não voltam ao lar deixado. Guerra, desavenças, novo trabalho, desemprego, casamento, convivência, desastre, seja qual for motivo, não voltam. Fisicamente, porque aquele lugar será sempre a sua referencia, o seu eu construído. Cabe a você saber o que é preciso mudar para ser melhor.
As relações deverão ser reconstruídas. Você não terá um novo amigo de infância, um medico que te conhece desde sempre, aquele café da padaria preferida tal e qual como é, mas terá novas tentativas.
Às vezes é preciso se “realfabetizar” em todos os sentidos: falar uma nova língua, pegar ônibus, saber onde fazer compras, arrumar um novo medico, novo cabeleireiro, orientar-se.
Ao longo desse processo ocorrem tantas mudanças imperceptíveis em nos mesmos que somente alguém que nos conheceu antes é capaz de notar. As grandes mudanças, ah, essas vem com o tempo, com as pancadas, erros e acertos.
Nesse processo todo, uma coisa é certa: você não é mais aquele você. Resta saber se esse novo individua é uma pessoa mais feliz, melhor ou mais realizada. E se não é, mas não existe caminho de volta? Existem outros caminhos, até mesmo onde você esta.
Depois que você deu o primeiro salto, a bagagem para o próximo salto será mais silenciosa.